VIVER EM BOM REPOUSO

VIVER EM BOM REPOUSO
Jean Carlos de Andrade

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A EMOÇÃO DE ZÉ FROZINO- Pág 101 do Livro "Viver em Bom Repouso"


 A EMOÇÃO DE ZÉ FROZINO


 Já com a idade avançada e já afastado da música, meu avô parecia o maestro conduzindo a banda com suas mãos no ritmo da música que era acompanhado por toda a multidão.  Olhos lacrimejantes, meu avô estava muito feliz naquele momento e a emoção tomava conta de filhos e netos por ver nosso querido avozinho tão feliz.  Anos antes, a tristeza pela morte de nossa  querida avó “Zola” havia causado lágrimas a  toda nossa família. Meu avô estava sozinho sem a presença de sua companheira de tantos anos de vida, vovó sofria do coração e não podia fazer esforços extremos, mas a teimosia era mais forte, e ela resolveu fazer uma quitanda no forno á lenha, esforçando seu coração já cansado, e nos deixando com uma tristeza e um enorme vazio pela falta de seu sorriso. Uma imensa saudade nos abatia com aquela certeza de que não mais veríamos nossa querida vovó outra vez. 

Escrevo estas lembranças e meus olhos se enchem de lágrimas, pela saudade desse tempo que não voltará mais.

José Bento de Andrade era um homem  trabalhador, homem da terra, considerado por alguns até como fazendeiro, por ter posse de muitas terras em Bom Repouso. Cidade onde nasceu e viveu sua infância e sua adolescência. Filho de João Luis de Andrade e Emilia Bento de Andrade , estudou em Bom Repouso  onde aprendeu a arte da música.

Vindo também de uma numerosa família, teve oito irmãos  que são:

José Bento de Andrade viveu até os oitenta e quatro anos de idade, lúcido e cercado do amor e carinho de todos os filhos e netos que o rodeavam no finalzinho de sua vitoriosa vida.

Enquanto estava ali, deitado em sua cama, já pela fragilidade de seus muitos anos de vida, ainda tinha tempo para algumas piadinhas para com todos.Dizíamos que logo ele iria se recuperar e de novo estaria pronto para apartar as vaquinhas e caminhar pelas estradas de sua propriedade.

 Com um sorriso de graça, nos respondia que só se levantaria agora, para caminhar nas nuvens do céu tão aguardado, e quando menos esperávamos, ele nos deixou com uma sutileza incrível, apenas fechou os olhos como quem apenas dormia e foi nos braços de um de seus filhos que isso aconteceu, nos braços de meu pai, João Lúcio de Andrade.
Texto extraído do Livro "Viver em Bom Repouso" autor Jean C. de Andrade

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