A
EMOÇÃO DE ZÉ FROZINO
Já com a idade avançada e já afastado da música, meu avô parecia o maestro conduzindo a banda com suas mãos no ritmo da música que era acompanhado por toda a multidão. Olhos lacrimejantes, meu avô estava muito feliz naquele momento e a emoção tomava conta de filhos e netos por ver nosso querido avozinho tão feliz. Anos antes, a tristeza pela morte de nossa querida avó “Zola” havia causado lágrimas a toda nossa família. Meu avô estava sozinho sem a presença de sua companheira de tantos anos de vida, vovó sofria do coração e não podia fazer esforços extremos, mas a teimosia era mais forte, e ela resolveu fazer uma quitanda no forno á lenha, esforçando seu coração já cansado, e nos deixando com uma tristeza e um enorme vazio pela falta de seu sorriso. Uma imensa saudade nos abatia com aquela certeza de que não mais veríamos nossa querida vovó outra vez.
Escrevo
estas lembranças e meus olhos se enchem de lágrimas, pela saudade desse tempo
que não voltará mais.
José
Bento de Andrade era um homem trabalhador, homem da terra, considerado por
alguns até como fazendeiro, por ter posse de muitas terras em Bom Repouso. Cidade
onde nasceu e viveu sua infância e sua adolescência. Filho de João Luis de Andrade
e Emilia Bento de Andrade , estudou em Bom Repouso onde aprendeu a arte da música.
Vindo
também de uma numerosa família, teve oito irmãos que são:
José
Bento de Andrade viveu até os oitenta e quatro anos de idade, lúcido e cercado
do amor e carinho de todos os filhos e netos que o rodeavam no finalzinho de
sua vitoriosa vida.
Enquanto
estava ali, deitado em sua cama, já pela fragilidade de seus muitos anos de
vida, ainda tinha tempo para algumas piadinhas para com todos.Dizíamos que logo
ele iria se recuperar e de novo estaria pronto para apartar as vaquinhas e
caminhar pelas estradas de sua propriedade.
Com um sorriso de graça, nos respondia que só
se levantaria agora, para caminhar nas nuvens do céu tão aguardado, e quando
menos esperávamos, ele nos deixou com uma sutileza incrível, apenas fechou os olhos
como quem apenas dormia e foi nos braços de um de seus filhos que isso
aconteceu, nos braços de meu pai, João Lúcio de Andrade.
Texto extraído do Livro "Viver em Bom Repouso" autor Jean C. de Andrade
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